História do Presbiterianismo
As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos
primórdios da Reforma Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma
teve início com o questionamento do catolicismo medieval feito pelo monge alemão
Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em pouco tempo, os seguidores
desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja que
resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana.
Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na
região de língua alemã da vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique,
um segundo movimento de reforma protestante, freqüentemente denominado “Segunda
Reforma.” Esse movimento teve como líder inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio
(1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais profunda que o
movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus
seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento
auto-denominaram-se igrejas reformadas.
Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus seguidores romperam com a
igreja majoritária somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis com
as Escrituras. Especialmente na área crucial do culto, os luteranos julgavam que
era legítimo manter tudo aquilo que não fosse explicitamente proibido pela
Bíblia. Já os reformados partiam de um princípio diferente, entendendo que só
deviam abraçar aquilo que fosse claramente preconizado pelas Escrituras. Foi
isso que os levou a uma ruptura mais profunda com o catolicismo.
I. João Calvino
Após a morte de Zuínglio em 1531, o movimento reformado passou a ter um novo
líder, que revelou-se muito mais articulado e influente que o anterior: João
Calvino (1509-1564). Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França, e ainda
adolescente foi estudar teologia e humanidades em Paris. Depois de um breve
período em Orléans e Bourges, quando dedicou-se ao estudo do direito, retornou a
Paris para dar continuidade aos estudos humanísticos que tanto o fascinavam. Em
1532, publicou o seu primeiro livro, um comentário do tratado de Sêneca De
Clementia.
O humanismo que empolgou os primeiros líderes das igrejas reformadas,
Zuínglio e Calvino, foi o extraordinário movimento intelectual que marcou a
transição entre a Idade Média e o período moderno. Uma das características
marcantes desse movimento foi o seu profundo interesse pela antigüidade
clássica, o período áureo da civilização greco-romana. Entre as obras clássicas
que atraíam a atenção de muitos estava a Bíblia, particularmente o Novo
Testamento. Isso levou ao surgimento de uma categoria específica de humanistas
bíblicos devotados ao estudo das Escrituras em seus originais gregos e
hebraicos. O maior desses humanistas cristãos foi o célebre Erasmo de Roterdã
(c.1466-1536), cuja edição crítica do Novo Testamento baseada em textos gregos
foi avidamente estudada e utilizada pelos reformadores suíços.
Em 1533, Calvino teve uma experiência de conversão à fé evangélica. Forçado a
fugir de Paris por causa das suas novas convicções, dirigiu-se para a cidade de
Angoulême. Pouco depois, começou a escrever a sua obra magna, a Instituição da
Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em 1536. Nesse mesmo ano,
de maneira totalmente inesperada, Calvino viu-se convocado a auxiliar a
implantação da fé reformada na cidade de Genebra, na Suíça francesa. Após um
interregno de três anos em Estrasburgo (1538-1541), o reformador retornou a
Genebra e ali permaneceu até o final da sua vida.
Graças a sua vasta e competente produção teológica, sua habilidade como
organizador e seus contatos pessoais com inúmeros indivíduos e comunidades em
toda a Europa, Calvino exerceu uma poderosa influência e contribuiu para a
disseminação do movimento reformado em muitos países. Em 1559, ele fundou a
Academia de Genebra, que colaborou decisivamente para a formação de toda uma
nova geração de líderes reformados. Dada a importância desse reformador, um novo
termo surgiu para designar os reformados: “calvinistas.”
Nas Institutas, comentários bíblicos, sermões, tratados e outros escritos que
produziu, Calvino articulou um sistema completo de teologia cristã que ficou
conhecido como calvinismo. Esse sistema incluía normas específicas, retiradas
das Escrituras, acerca da doutrina, do culto e da forma de governo das
comunidades reformadas. Na base do sistema estava a ênfase no conceito da
absoluta soberania de Deus como criador, preservador e redentor do mundo. A
estrutura eclesiástica preconizava o governo das comunidades por presbíteros e a
associação das igrejas em presbitérios regionais e em sínodos nacionais.
II. Europa Continental
Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a
difundir-se em muitas regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno
(Alemanha e Países Baixos), na leste europeu e nas Ilhas Britânicas. Vários
fatores contribuíram para essa difusão. Em primeiro lugar, a ampla divulgação
das idéias de Calvino através da imprensa e de outros meios; em segundo lugar, o
intenso deslocamento de refugiados que procuravam escapar da repressão religiosa
em seus países; finalmente, o papel irradiador desempenhado por Genebra e outras
cidades reformadas. Muitos homens e mulheres iam a Genebra, eram treinados nos
preceitos da fé reformada e retornavam aos seus países imbuídos das novas
idéias.
Como era de se esperar, Calvino nutria grande interesse pela propagação da fé
evangélica no seu próprio país, a França. Ali, apesar de intensas perseguições,
o movimento reformado experimentou notável crescimento na década de 1550. Em
1559, reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada de França, representando
cerca de duas mil comunidades locais. Pela primeira vez, o presbiterianismo era
organizado em âmbito nacional. Esse sínodo aprovou uma importante declaração da
fé reformada, a Confissão Galicana.
Muitos dos reformados franceses, conhecidos como huguenotes, eram artesãos,
comerciantes e nobres, e estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste
do país. Seus conflitos políticos com o partido católico liderado pela família
Guise-Larraine levaram a um longo período de guerras religiosas (1562-1598). O
episódio mais sangrento foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572), em
que milhares de huguenotes foram mortos à traição em Paris e no interior da
França, entre eles o famoso almirante Gaspard de Coligny. A paz só foi
restaurada em 1598, quando o rei Henrique IV, um ex-huguenote, promulgou o Edito
de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos reformados. Esse edito foi
revogado por Luís XIV em 1685, fazendo com que cerca de 300 mil huguenotes
abandonassem a França.
Em virtude da proximidade geográfica, o movimento reformado desde cedo também
penetrou no sul da Alemanha. O movimento cresceu com a chegada de milhares de
refugiados vindos de outras regiões, como a França e os Países Baixos.
Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549, tendo como
líder o reformador Martin Butzer. Como já foi apontado, Calvino ali residiu
durante três anos (1538-1541). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma
grande universidade que tornou-se o centro do pensamento reformado na Alemanha.
Nessa cidade foi escrito em 1563 o Catecismo de Heidelberg. A Guerra dos Trinta
Anos (1618-1648) resultou no reconhecimento definitivo das igrejas reformadas
alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil refugiados huguenotes após a
revogação do Edito de Nantes.
Nos Países Baixos, a fé reformada surgiu inicialmente em Antuérpia, em 1555.
Em dez anos, formaram-se mais de trezentas igrejas, em parte devido à chegada de
imigrantes huguenotes que fugiam das guerras religiosas em seu país. Essas
igrejas adotaram como sua declaração de fé a Confissão Belga, escrita por Guido
de Brès em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda no contexto da guerra da
independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a liderança de Guilherme de
Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos dividiram-se em três
nações: Bélgica e Luxemburgo (católicos) e Holanda (reformada). O primeiro
sínodo nacional das igrejas reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na cidade de
Emden, na Alemanha, e adotou um sistema presbiterial de governo baseado no
modelo francês. Eventualmente, a igreja reformada tornou-se oficial, embora nem
toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século XVII, uma
disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-1619), que rejeitou as idéias
de Tiago Armínio acerca da predestinação e afirmou os chamados “cinco pontos do
calvinismo” (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça
irresistível e perseverança dos santos).
Quanto à Europa oriental, na década de 1540, graças a contatos com cidades
suíças, surgiram igrejas reformadas na Polônia e na Boêmia (Checoslováquia), e
mais tarde também na Hungria. Na Boêmia, o movimento reformado associou-se aos
Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo movimento liderado pelo pré-reformador
João Hus, morto em 1415. Na Polônia e na Lituânia, as igrejas calvinistas
experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram suprimidas pela
Contra-Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em 1549, através de
contatos com Zurique, mas as igrejas sofreram perseguições de 1677 a 1781. A
igreja reformada húngara viria a ser uma das maiores do mundo.
III. Ilhas Britânicas
Especialmente importante para a fé reformada foi a sua introdução nas Ilhas
Britânicas. Nessa região é que surgiu o outro nome histórico associado ao
movimento: “presbiterianismo.” Esse nome tinha ao mesmo tempo conotações
teológicas e políticas. Os reis ingleses e escoceses eram firmes partidários do
episcopalismo, ou seja, de uma igreja governada por bispos. Como esses bispos
eram nomeados pela coroa, esse sistema favorecia o controle da igreja pelo
estado. Assim sendo, a insistência dos reformados da Escócia e Inglaterra em uma
igreja governada por presbíteros, eleitos pelas congregações e reunidos em
concílios, era uma reivindicação de independência da igreja em relação ao poder
público. Tal foi a origem histórica do termo “presbiteriano” ou “igreja
presbiteriana.”
O protestantismo reformado foi levado para a Escócia por George Wishart, que
estudara na Suíça e foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas
reformadas surgiram no final da década seguinte. Os eventos se precipitaram com
o retorno do líder John Knox (c. 1514-1572), que passou alguns anos em Genebra
como refugiado, estudou aos pés de Calvino e retornou ao seu país em 1559. No
ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada
(Confissão Escocesa). Em dezembro de 1560, reuniu-se a primeira assembléia geral
da Igreja Presbiteriana escocesa, que elaborou o Livro de Disciplina. Todavia, o
Parlamento não aceitou esse primeiro Livro de Disciplina – que prescrevia a
forma presbiteriana de governo –, mas manteve o episcopado como instrumento de
controle estatal da igreja.
Ironicamente, entre 1561 e 1567 a Escócia formalmente presbiteriana foi
governada por uma rainha católica, Maria Stuart. Após a morte de Knox, Andrew
Melville (1545-1622), outro ex-exilado em Genebra, tornou-se o principal
defensor do sistema presbiteriano e de uma igreja autônoma do estado. Os
próximos quatro reis, especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o
anglicanismo e perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional
para defender a sua fé e ficaram conhecidos como “covenanters” (pactuantes).
Somente em 1689 o presbiterianismo foi estabelecido definitivamente, embora
algumas modificações feitas pelo Parlamento, como a Lei do Patrocínio Leigo
(1717), tenham produzido várias divisões na igreja.
Na Inglaterra, surgiram fortes influências reformadas desde o reinado de
Eduardo VI (1547-1553). Martin Butzer, o reformador de Estrasburgo, passou seus
últimos anos naquele país. Calvino correspondeu-se com o rei Eduardo, com
Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o arcebispo de Cantuária. O
Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos revelam clara influência
reformada. Durante o reinado intolerante de Maria Tudor (1553-1558), alcunhada
“a sanguinária”, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e
Genebra. Porém, a rainha Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos
populares da forma presbiteriana de governo, preferindo uma estrutura episcopal
que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades civis.
No reinado de Elizabete surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam
princípios presbiterianos. Em outras palavras, os puritanos eram todos
calvinistas, mas nem todos aceitavam a forma de governo presbiteriana. O nome
“puritanos” resultou da insistência desses reformados em que a Igreja da
Inglaterra fosse pura, ou seja, seguisse os moldes bíblicos em sua doutrina,
culto e governo. Por causa de sua firme oposição ao episcopalismo e a sua luta
pela reforma da igreja estatal inglesa, os puritanos foram objeto de forte
repressão por parte de Elizabete. Seus sucessores, Tiago I (1603-1625) e Carlos
I (1625-1649), que governaram simultaneamente a Inglaterra e a Escócia,
continuaram a opor-se aos puritanos.
No reinado de Carlos ocorreu um evento marcante na história do
presbiterianismo. Esse rei tentou impor o episcopalismo na Igreja da Escócia e
acabou envolvido em uma guerra contra os seus próprios súditos. Vendo-se em
dificuldades, precisou convocar a eleição de um parlamento na Inglaterra,
eleição essa que resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o
parlamento, foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais
expressiva. A conseqüência foi a guerra civil, que terminaria com a execução do
rei. Esse parlamento puritano convocou a célebre Assembléia de Westminster
(1643-1648), que produziu os “padrões presbiterianos” de culto, governo e
doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da
Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que
Carlos II tornou-se rei em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se
vários anos de repressão contra os presbiterianos. Com o tempo, os padrões de
Westminster tornaram-se os principais documentos teológicos adotados pelas
igrejas reformadas em todo o mundo.
A tradição reformada teve início na Irlanda com a Colônia de Ulster, a partir
de 1606. No esforço de “domesticar” os irlandeses, o governo inglês implantou
comunidades inglesas e escocesas nas regiões devastadas pela guerra ao norte da
ilha. Aos imigrantes escoceses, que levaram consigo o seu presbiterianismo,
uniram-se puritanos ingleses e huguenotes franceses. Houve uma rígida separação
étnica entre os novos moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande
violência destes contra os presbiterianos. Graças aos capelães de um exército
pacificador, um presbitério foi fundado no Ulster em 1642 e em 1660 eles já eram
cinco. Os colonos alcançaram prosperidade na nova terra, mas também se viram
sujeitos a restrições políticas, econômicas e religiosas impostas pelo governo
inglês, além de calamidades naturais como estiagens prolongadas. Com isso, a
partir de 1715, os “escoceses-irlandeses” começaram a sua grande migração para
os Estados Unidos. Até 1775, pelo menos 250 mil iriam cruzar o Atlântico.
IV. Estados Unidos
O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se
radicaram em Massachusetts no início do século XVII. O primeiro grupo fixou-se
em Plymouth em 1620 e o segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1630. Nas
décadas seguintes, mais de 20 mil puritanos cruzaram o Atlântico em busca de
liberdade religiosa e novas oportunidades. Todavia, esses calvinistas optaram
pelo forma de governo congregacional, não pelo sistema presbiteriano.
Muitos calvinistas que aceitavam a forma de governo presbiteriana vieram do
continente europeu. Dentre os primeiros estavam os holandeses que fundaram Nova
Amsterdã (depois Nova York) em 1623. Os huguenotes franceses também foram em
grande número para a América do Norte, fugindo da perseguição religiosa em sua
pátria. Um numeroso contingente de reformados alemães igualmente emigrou para os
Estados Unidos entre 1700 e 1770. Esses imigrantes formaram as suas próprias
denominações e mais tarde muitos deles ingressaram na Igreja Presbiteriana dos
Estados Unidos.
Muitos presbiterianos escoceses foram diretamente da Escócia para os Estados
Unidos nos primeiros tempos da colonização. Todavia, foram os
escoceses-irlandeses os principais responsáveis pela introdução do
presbiterianismo naquele país. Durante o século XVIII, pelo menos 300 mil
cruzaram o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em Nova Jersey,
Pensilvânia, Maryland, Virgínia e nas Carolinas. No oeste da Pensilvânia, eles
fundaram Pittsburgh, por muito tempo a cidade mais presbiteriana dos Estados
Unidos. O Rev. Ashbel Green Simonton, o introdutor do presbiterianismo no
Brasil, era descendente desses escoceses-irlandeses da Pensilvânia.
No século XVII as comunidades presbiterianas dos Estados Unidos viviam
dispersas. Foi só no início do século seguinte que elas começaram a unir-se em
concílios. Nesse esforço, destacou-se o Rev. Francis Makemie (1658-1708),
considerado o “pai do presbiterianismo americano.” Ordenado na Irlanda do Norte
em 1683, ele foi logo em seguida para a América do Norte. Makemie fundou
diversas igrejas em Maryland e viajou extensamente encorajando os
presbiterianos. Como a Igreja Anglicana era a igreja oficial de várias colônias,
ele sofreu muitas perseguições. Chegou mesmo a ser preso em Nova York em
1706.
Sob a liderança de Makemie, foi organizado em 1706 o Presbitério de
Filadélfia. Em 1717, organizou-se o Sínodo de Filadélfia, composto de quatro
presbitérios. Ao todo, a denominação tinha apenas dezenove pastores, quarenta
igrejas e cerca de três mil membros. Em 1729, foi aprovado o “Ato de Adoção,”
que aceitou a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como padrões
doutrinários do Sínodo. De 1741 a 1758, os presbiterianos dividiram-se em dois
grupos por causa de diferenças acerca do avivamento e da educação teológica: Ala
Velha (Sínodo de Filadélfia) e Ala Nova (Sínodo de Nova York).
Nesse período de divisão, vários evangelistas notáveis como Samuel Davies,
Alexander Craighead e Hugh McAden trabalharam com grande êxito no sul do país,
especialmente na Virgínia e nas Carolinas. Durante a Revolução Americana, os
presbiterianos tiveram uma atuação destacada. O Rev. John Witherspoon
(1723-1794), um escocês que foi presidente da Universidade de Princeton por
vinte e cinco anos, foi o único pastor que assinou a Declaração de Independência
dos Estados Unidos, em 1776. Muitos presbiterianos lutaram na guerra da
independência.
Em 1788, o Sínodo de Nova York e Filadélfia dividiu-se em quatro (Nova York e
Nova Jersey, Filadélfia, Virgínia e Carolinas). No dia 21 de maio de 1789,
reuniu-se pela primeira vez a “Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos
Estados Unidos da América.” Naquela época, a Igreja Presbiteriana era a
denominação mais influente do país. Em 1800, contava com 180 pastores, 450
igrejas e cerca de 20 mil membros.
Em 1801, presbiterianos e congregacionais iniciaram um trabalho cooperativo
conhecido como “Plano de União.” O objetivo era evangelizar com mais eficiência
a população que estava indo para o oeste, a chamada “fronteira.” Foi esse o
período do avivamento conhecido como Segundo Grande Despertamento. O resultado
foi um avanço fenomenal. Em 1837, a Igreja Presbiteriana já contava com 2140
pastores, quase 3000 igrejas e 220 mil membros. O Seminário de Princeton foi
fundado em 1812. Entre seus grandes professores estiveram Archibald Alexander,
Charles Hodge, A.A. Hodge e Benjamin B. Warfield.
Devido a uma controvérsia sobre os requisitos para a ordenação de ministros,
surgiu em 1810 a Igreja Presbiteriana de Cumberland, no Tennessee. Uma divisão
mais séria ocorreu entre os grupos conhecidos como Velha Escola e Nova Escola,
aquele sendo mais apegado aos padrões de Westminster do que este. Em 1837, a
Velha Escola obteve a maioria na Assembléia Geral, cancelou o Plano de União de
1801 e excluiu quatro sínodos inteiros, dividindo ao meio a denominação. No
mesmo ano, foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em Nova York, que
22 anos mais tarde enviaria o seu primeiro missionário ao Brasil.
Finalmente, em 1857 e 1861 ocorreram novas divisões, desta vez ocasionadas
pelo problema da escravidão. As igrejas Nova Escola e Velha Escola do sul,
favoráveis à escravidão, separaram-se das do norte. Eventualmente, foram criadas
duas grandes denominações presbiterianas, a Igreja do Norte (PCUSA) e a Igreja
do Sul (PCUS). Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram ao Brasil
respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e 1869 (Edward Lane e George N.
Morton).
por Rev. Alderi Souza de Matos
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